quarta-feira, 12 de maio de 2010

A SÍNDROME DO SAPO FERVIDO


Vários estudos biológicos provaram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa, fica estático durante todo tempo em que aquecemos a água, até que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças do ambiente) e morre quando a água ferve. Inchadinho e feliz. Por outro lado, outro sapo que seja jogado neste recipiente já com água fervendo, salta imediatamente para fora. Meio chamuscado, porém vivo!
Temos vários sapos fervidos por ai. Não percebem as mudanças, acham que está muito bom, que vai passar, que é só dar um tempo! Estão prestes a morrer, porém ficam boiando estáveis e impávidos na água que se aquece a cada minuto. Acabam "morrendo" inchadinhos e felizes, sem ter percebido as mudanças.
Sapos fervidos não perceberam que além se serem eficientes (fazer as coisas certo), precisam ser eficazes (fazer as coisas certas).
E para que isso aconteça tem que haver um crescimento profissional com espaço para diálogo, para a comunicação clara, para o compartilhamento, para o planejamento e para uma relação adulta. O desafio ainda maior está na humildade de atuar de forma coletiva. Fizemos durante muitos anos o culto ao individualismo e a turbulência exige hoje, o espaço coletivo, que é a essência da eficácia como resposta . Tornar as ações coletivas exige, fundamentalmente, muita competência interpessoal para o desenvolvimento da espírito de equipe, exige saber partilhar o poder, delegar, acreditar no potencial das pessoas e saber ouvir.
Há sapos fervidos, que ainda acreditam que o fundamental é a obediência e não a competência, que manda quem pode e obedece quem tem juízo!
Acordem, sapos fervidos, saiam dessa, o mundo mudou, pulem fora antes que a água ferva. Precisamos estar vivos meio chamuscados, mas vivos e prontos para agir. (Luís Carlos Queirós Cabrera).

HISTÓRIAS DE GENTE QUE ENSINA E APRENDE


Conto para repensar a Educação:

OS PÁSSAROS








Era uma vez uma longínqua terra em que, para educar os pássaros, se decidiu colocamos em gaiolas. Mas eles recusavam-se a aprender. Bater as asas, nada. Cantar muito menos.
E passavam todo o dia de aula olhando para fora das grades, esperando a hora da saída. Quando saíam, punham-se a voar e a cantar. A professora não chegava a ouvir as melodias nem a ver os vôos: pensava que eles não sabiam. E, no dia seguinte, trazia novas lições, com novos métodos, para os passarinhos novamente engaiolados.
Decidiu enfeitar toda a gaiola: muraizinhos, flores, quadro de gizes coloridos. Tanto enfeitou o ambiente que quase não sobrava espaço multicolorido e arejado. Ao redor dela os pássaros se ajuntavam, com seu olhar aflito, deliciando-se apenas quando um resto de brisa penetrava pela fresta, surpreendendo-os risonhamente.
Um dia, a professora resolveu sair com os alunos, deixá-los finalmente livres por alguns instantes.
E, espantada, percebeu que imediatamente punham-se a voar, mal se abria a porta, cantando mil gorjeios por ela nunca imaginados. E o vôo parecia-lhe de estranha beleza: cadenciado, equilibrado, um bater de asas vigoroso e jovem, como uma dança.
Decidiu, então, abandonar a gaiola e embrenhar-se com eles nos jardins, em meio aos bosques, na mata selvagem do desconhecido. "Mostrem-me o que vocês sabem", pediu. E deixou-se encantar.
Hoje, professora e passarinhos aprendem juntos, nunca grande floresta em que podem experimentar melodias novas e saltos por sobre árvores e lagos. E juntos riem daquele tempo distante novas e saltos por sobre árvores e lagos. E juntos riem daquele tempo distante e tão estranho em que passavam em gaiolas o tempo das manhãs ensolaradas...
(por: Andrea Ramal)

ALFABETIZAÇÃO COM RECEITA / ALFABETIZAÇÃO SEM RECEITA


ALFABETIZAÇÃO COM RECEITA


Pegue uma criança de seis anos e lave-a bem. Enxugue-a com cuidado e envolve-a num uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula. Nas oito primeira semanas alimente-a com exercícios de prontidão. Na 9° semana, ponha uma cartilha nas mãos da criança.Tome cuidado para que a criança não se contamine no contato com livros, jornais, revistas e outros perigosos materiais impressos. Abra a boca da criança e faça com que ela engula as vogais. Quando tiver digerido as vogais, mande-a mastigar uma a uma, as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada no mínimo 60 vezes, como na alimentação macrobiótica. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos. Mantenha a criança em banho-maria durante quatro meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida, faça com que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar.
Ao final do 8° mês espeta a criança com um palito, ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela devolve pelo menos setenta por cento das palavras e frases engolidas. Se isso acontece considere a criança alfabetizada. Envolve-a num bonito papel de presente e despache a para série seguinte.
Se a criança não devolver o que foi dado para engolir recomece a receita desde o início e volte aos exercícios de prontidão. Repete a receita quantas vezes for necessário ao fim de três anos, embrulhe-a em papel pardo e coloque um rótulo "aluno renitente". (Professora Marlene Carvalho).



ALFABETIZAÇÃO SEM RECEITA


Pegue uma criança de seis anos, ou mais, no estado que estiver, suja ou limpa e coloque-a numa sala de aula onde existem muitas coisas escritas para olhar examinar. Servem jornais velhos, revistas, embalagens, propaganda eleitoral, latas de óleo vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercados, enfim, tudo o que estiver entulhado nos armários da escola e da sua casa. Convide a criança para brincar de ler, adivinhando o que está escrito: você vai descobrir que ela já sabe muitas coisas.
Converse com a criança troque idéia sobre quem são vocês e as coisas de que gostam e não gostam. Escreva algumas das coisas que foram ditas e leia para elas. Peça à criança que olhe as coisas escritas que existem por ai, nas lojas, no ônibus, nas ruas, na televisão. Escreva algumas destas coisa no quadro e leia para elas. Deixe as crianças contarem letras, palavras e frases dos jornais velhos e não esqueça de mandar limpar o chão depois, para não criar problemas na escola. Todos os dias leia em voz alta para a criança alguma coisa interessante, historinha, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhações. Mostre para a criança alguns tipos de coisas escritas que talvez ela não conheça um catálogo de telefone, um livro de receitas de cozinha.
Desafie a criança a pensar sobre a escrita e pense você também. Quando a criança estiver tentando escrever deixe-a perguntar ou ajudar os colegas. Não se apavore se a criança estiver comendo letras: até hoje, não houve caso de indigestão alfabética. Acalme a diretora e a supervisora, se elas ficarem alarmadas.
Invente suas próprias cartilha. Use a sua imaginação e sua capacidade de observação para ensinar a ler. Leia e estude, você também. (Professora Marlene Carvalho).